JC Bridon
Podem me impedir de escrever mas, de pensar, jamais!
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Textos

POR QUÊ?

“POR QUÊ?”

 

 

Por que

me olham desse jeito?

Será que não compreendem

o quanto sofro

e que minha vida se desgraçou

e tomou o pior rumo,

desde o dia em que o conheci?

 

Será que não entendem

que por amor tudo vale e tudo pode,

até mesmo a troca de problemas,

dificuldades, temores, desgraças etc., etc..., etc...?

 

Será que não sentem o que sinto,

pois parecem desconhecer

a força da incompreensão

por que passo neste momento?

 

Será que minhas lágrimas não bastam

e nem comovem esses corações endurecidos,

protetores dos bons costumes

e da moral elevada?

 

Será que meus gritos enfraquecidos

não aquecem os ouvidos,

de tanto que os cobrem,

para não escutarem meus lamentos?

 

 

Será que viver é assim?

Que o mundo é dos fortes

e que ninguém se arrisca mais,

tentando ser feliz,

não importando a que custo?

 

Será que o amor atrai barreiras e divisas,

que nos impedem a felicidade,

mesmo que seja

só por períodos?

 

Será que preciso viver escondido,

trancado em quartos escuros,

para não ser apedrejado

pelos hipócritas conservadores

de um amor que jamais conhecerão?

 

Será que não tenho direito

de dar minha vida

a quem deseja me amar,

simplesmente por negar-lhe

essa tal felicidade?

 

Será que terei a coragem

de olhar e ser olhado

de uma maneira doce e meiga

que irá mostrar ao mundo

o quanto humano eu sou?

 

Será que viver é assim,

escondendo e escondido,

sem desejos,

sem paixões e sentimentos?

Será que deverei me curvar,

até tocar meu rosto no chão,

para ser digno de encarar os outros,

que se sentem os donos do mundo

e senhores da verdade?

 

Será que irei continuar sofrendo,

sem alguém que me ampare

e sinta que também tenho sentimentos

e que dentro de mim

bate um coração idêntico

ao daqueles que me discriminam?

 

Será que não poderei mais pronunciar: “te amo”

àquela que talvez descubra em mim

traços de um ser humano

que também merece ser feliz?

 

Será que mudei tanto

que nem meus amigos

me reconhecem mais,

por isso não mais os vejo,

nem escuto suas vozes?

 

“Lembro-me das noites gostosas,

ao som de vozes cantadas

que, acompanhadas ao violão,

faziam das nossas noites

a alegria de toda uma geração.”

 

Sonhar, sonhar, sonhar.

pelo menos disso não sou proibido,

pois é o que ainda mantém

este corpo vivo.

 

Será que devo implorar

para que me arrumem um cantinho

onde, longe do mundo,

poderei ter a paz que mereço e sinto?

 

Será que ninguém

se lembra mais

de quanto era admirado

e amado por todos?

 

Será que continuarei neste quarto escuro,

trancado igual criminoso,

esperando que alguma alma bondosa

derrame em meus lábios

uma gotinha d’água,

única coisa que me mantém vivo?

 

Será? Será? Será?

 

Será que meu interior

mudou tanto assim,

tornando-me um monstro

que deverá permanecer enjaulado,

entregue à própria sorte?

 

Será que desconhecem em mim

a criatura divina,

criada a imagem

e semelhança do “Criador”?

 

Quando será

que irão tomar consciência

de que também quero viver

e gozar as delícias desta vida

que aos poucos me abandona?

 

Quando será

que irão compreender

que não desejei nada disso

e que foi somente o “amor”

que me pregou esta peça?

 

Quando reconhecerão em mim

um irmão

que precisa de apoio,

de muito carinho e atenção?

 

Quando será que irão entender

que julgar é bem mais fácil

do que estender a mão

a quem dela precisa?

 

Quantos “serás” terei que indagar

para entender por que me desprezam

e me jogam num canto qualquer?

 

“Por que amar?”

“Por que viver com quem amo,

se só me trouxe desprezo,

desgraça, doença e abandono?”

 

Sempre cantado e decantado

como o mais belo sentimento

porém, vejo em ti, “amor”

somente amarguras,

mágoas e tristezas.

 

Não deveria ter encontrado teus olhos

e neles depositado os meus

pois é assim, minha amada,

que aqui me encontro agora,

só, desamparado, amargurado,

abandonado e jogado neste quarto escuro.

 

Se eu apenas desconfiasse

que me atirarias nesse poço sem volta,

jamais deixaria, minha amada,

que tomasses conta do meu coração.

 

Se apenas, por mais leve dúvida tivesse,

suspeitasse quanto mal esse amor me faria,

jamais te olharia nos olhos

e por ti jamais passaria.

 

Cego, surdo e mudo fui,

joguei fora meus dias alegres,

minhas manhãs ensolaradas

e minhas noites enluaradas.

 

Atirei pela janela

tudo aquilo que desejava

somente para que tu, “amor”

junto a mim ficasses

e comigo compartilhasses

os momentos sublimes

de um amor sem fim.

 

Resta-me agora um quarto escuro,

um lençol a me cobrir,

um lenço a enxugar meu rosto,

de lágrimas que derramei por ti.

 

Sumiste como uma nuvem,

no céu eterno dos meus pensamentos,

para nunca mais ali aportares

deixando somente as marcas

de um amor passageiro.

 

Queria que me olhassem

e dentro de mim enxergassem,

para sentirem o que sinto:

“que sou e que existo.”

 

Talvez um dia compreendam

que “amar ainda é o caminho”,

mesmo que paguem o preço

de padecerem num quarto escuro,

sozinhos e com medo.

 

Talvez então compreendam

que deixar que “lá que morram”

não seja o meio correto

de abandonar quem mais amamos.

 

 

JC BRIDON

 

JC Bridon
Enviado por JC Bridon em 18/07/2023
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